Manifesto

Partindo da consciência de que, na Península Ibérica, habitamos um território marcado por uma história de colonialismo (e da opressão a este inerente) que deixou feridas profundas por todo o mundo e procurando praticar Teatro Playback não apenas enquanto espaço de escuta de narrativas individuais, mas como ferramenta de justiça social e veículo para a amplificação de vozes marginalizadas, a Associação Ibérica de Teatro Playback define enquanto princípio estruturante dos seus espaços (formações, conferências, encontros nacionais e internacionais) a necessidade de contribuirmos, na medida das nossas possibilidades, para identificar e desmantelar o anti-ciganismo, o antissemitismo, o capacitismo, o classismo, o colonialismo, o especismo, o idadismo, a islamofobia, a LGBTQIAP+fobia, o patriarcado, o racismo, o sexismo, o sionismo, a supremacia branca, a xenofobia e quaisquer outras formas de opressão e de injustiça estrutural. Assim, apelamos a playbackers de todo o mundo que, nestes espaços, partilhem deste compromisso, trazendo consigo a consciência de como se relacionam com estas questões e da importância fulcral de somarmos acções e lutarmos em conjunto para reconhecer a diversidade e os direitos das identidades e vozes não-hegemónicas, silenciadas e oprimidas. Sabemos que cada pessoa poderá estar numa fase diferente deste processo de tomada de consciência, tantas vezes difícil, desconfortável e não linear. Este manifesto pretende sublinhar a importância de caminharmos no mesmo sentido, ainda que não lado a lado, no que ao trabalho para um mundo mais equitativo diz respeito.